Seminário Internacional do INCT Caleidoscópio Promove Debates Relevantes sobre Feminismo e Ciência
Seminário Internacional do INCT Caleidoscópio Promove Debates Relevantes sobre Feminismo e Ciência
Nos dias 29 a 31 de outubro de 2024, o Instituto de Relações Internacionais, em Brasília, foi palco do I Seminário Internacional do INCT Caleidoscópio, parte do VIII Seminário Práticas Socioculturais e Discurso. O evento reuniu representantes de 24 instituições de educação superior, incluindo pesquisadoras de universidades federais e internacionais, para debater práticas e desafios socioculturais sob uma perspectiva feminista.
O INCT Caleidoscópio é o primeiro instituto nacional de ciência e tecnologia com foco em estudos feministas no Brasil, visando contribuir para a redução das desigualdades enfrentadas por mulheres nas ciências. Com uma programação rica, o seminário promoveu debates sobre mulheres na ciência, políticas públicas e relações interdisciplinares, criando um espaço vital para a troca de conhecimentos e experiências.
A conferência de abertura, coordenada pela Professora Dra. Joana Maria Pedro (UFSC), contou com a participação da Professora Dra. Miriam Pillar Grossi (UFSC), que abordou a importância das lutas feministas na ciência brasileira e suas implicações nas políticas de ciência e tecnologia.
Durante o seminário, as pesquisadoras que integram a Incubadora Social Feminista Antirracista Norte-Nordeste e Amazônia Legal contribuíram destacando suas experiências e pesquisas realizadas entre 2023 e 2024. Na Mesa 1 – “INCT Caleidoscópio”, mediada pela Professora Dra. Silvia Lúcia Ferreira, as pesquisadoras pós-doutorandas (PDJ) discutiram realizações do INCT e pesquisas em andamento. A Professora Dra. Zizele Ferreira (INCT- Calediscopopio UFCG) apresentou na Mesa 1 sua pesquisa sobre as trajetórias formativas de mulheres quilombolas na academia. Essa pesquisa, realizada no âmbito do INCT Caleidoscópio, investiga as violências interseccionais que estas mulheres enfrentam ao longo de suas jornadas acadêmicas na Universidade Federal de Campina Grande - Campus CDSA, em Sumé-PB.
Os dados coletados integram o projeto "Mulheres Quilombolas nas Ciências", que analisa o acesso e a permanência de mulheres quilombolas no ensino superior e sua inserção nas ciências. Zizele destacou o campo de pesquisa como espaço de criação, desvinculando-se de metodologias instrumentais ou tecnicistas (Galindo et al., ano), e conecta-se aos estudos de fabulação crítica e imaginação política do pensamento negro radical (Sharpe, 2023; Hartman, 2022).
Como resultado, desenvolvem-se tecnologias sociais para apoiar mulheres quilombolas nas ciências, incluindo um “Guia de Boas Práticas Acadêmicas para discentes quilombolas”, um podcast intitulado Mulheres Quilombolas nas Ciências: de quilombola para quilombola e o Guia Meninas Quilombolas nas Ciências, podcast na sala de aula para docentes quilombolas e gestoras(es) de Ensino Superior. A mesa também contou com outros palestrantes, incluindo as Professoras Dras. Inara Fonseca e Morgani Guzzo, pós-doutorandas júnior no âmbito do INCT- Caleidoscópio-UFSC.
A Mesa 3 – “Desigualdades e Resistências Antirracistas na Universidade”, abordou questões ligadas à representatividade e os desafios enfrentados por estudantes de grupos minoritários. A Professora Dra. Silvia Lúcia Ferreira (UFBA), ao lado das Professoras Dras. Elizabeth Ruano-Ibarra (UNB) e Glenda Cristina Valim de Melo (UNIRIO), discutiu a importância da inclusão e as estratégias de resistência dentro das universidades, com foco nas desigualdades de raça e gênero. A fala de Silvia enfatizou a autonomia reprodutiva de mulheres quilombolas em um contexto acadêmico, refletindo sobre como essas desigualdades afetam suas trajetórias.
As comunicações desempenharam um papel importante no seminário, oferecendo uma plataforma para debates relevantes sobre questões de gênero, raça e políticas públicas no âmbito das ciências.
A Psicóloga e Pós-doutoranda Júnior (PDJ) Dra. Rocelly Cunha (INCT- Caleidoscópio UFCG) apresentou na sessão "Observatórios e Práticas Acadêmicas, o estudo: “A produção de invisibilidade de mulheres negras quilombolas no Sistema Nacional em Ciência, Tecnologia & Inovação (SNCT&I)”, coautorado pela Professora Dra. Dolores Galindo (UFCG) e pela Professora Dra. Sílvia Ferreira (UFBA). Nesta apresentação, a pós-doutoranda abordou uma investigação sobre os obstáculos enfrentados por mulheres negras quilombolas nas diferentes áreas do conhecimento, para refletir como os desafios impostos a elas se descortinam enquanto uma produção de invisibilidade. O projeto de pesquisa em andamento, faz parte do Projeto Mulheres Quilombolas nas Ciências: Política de Permanência nas Universidades e Produção de Subjetividade (Edital CNPq/MCTI n.º 10/2023-Universal), coordenado por Dolores Galindo (UFCG), uma proposta vista analisar as trajetórias de profissionalização acadêmica de mulheres quilombolas, identificando suas principais dificuldades para acessar o ensino superior em níveis de graduação e pós-graduação.
A Professora Dra. Silvia Lúcia Ferreira, por sua vez, participou da Comunicações Simultâneas 4 - Políticas, Gênero e Sexualidade, onde apresentou o trabalho "Diagnóstico e Monitoramento dos Organismos de Políticas para Mulheres: Desafios no Processo Investigativo". Este trabalho foi coautorado por Maise Zucco, Ana Paula Antunes Martins, Be Silva Brustolim, Dora Simões, Maria Eduarda Carlota da Silva, Mariana Wiecko Volkmer de Castilho e Vanessa Oliveira Cordeiro. Nesse estudo, Dra. Silvia analisou a eficácia das políticas destinadas às mulheres, discutindo os desafios enfrentados no processo investigativo.
Além disso, no Painel 2 - Ciências, Gênero e Identidade, mediado pela Professora Dra. Zizele Ferreira, Dra. Silvia apresentou o trabalho "Dá Licença... Transconfluência, Saberes Orgânicos, Mulheridades, Comunidades Tradicionais e Povos Originários". Este painel contou com a colaboração de coautores, incluindo Ellen Hilda Oliveira, Dina Maria Santos, Irenilza Oliveira, Luciana Silva, George Silva, Alécia dos Santos, Lílian dos Santos, Laynara Gama e Silvana Nunes. Nessa apresentação, Dra. Silvia discutiu a integração de saberes acadêmicos e comunitários, enfatizando a importância de valorizar as experiências e vozes de mulheres de comunidades tradicionais em contextos acadêmicos e científicos.
Para as coordenadoras da seminário reafirmou a importância da inclusão feminina e antirracista nas ciências, ressaltando a necessidade de diálogo interdisciplinar e o fortalecimento das políticas de igualdade de gênero e raça no Brasil.